terça-feira, 11 de junho de 2019

O ADVOGADO DO DIABO

A cena era brutal. Em meio a um lamaçal de sangue, uma mulher amarrada a uma cadeira, jazia desfigurada. Dentes arrancados, orelhas e dedos cortados, garganta dilacerada. Mais à frente, uma pilha de corpos de crianças esquartejadas - aparentemente os filhos - no meio do cômodo. Por sobre a mesa, três cabeças emparelhadas, "olhavam" em direção à mulher morta. Os policiais que aguentaram permanecer  no local, adentraram a residência em busca do autor. Não foi necessário muito esforço. O homem estava a poucos metros da cena do crime. Não pareceu surpreso ao ser abordado. Permaneceu sentado, incomodamente tranquilo. Foi lhe dada voz de prisão. Ele não ofereceu resistência. Já em cárcere, confessou prontamente o crime. Questionado sobre a motivação que o levou a cometer tamanha atrocidade, disse friamente:
- Ela dizia que nossa vida era um inferno. Só lhe mostrei um pouco do inferno de verdade.
Na saída da delegacia, o jovem advogado não se sentiu acuado pela multidão de repórteres que amontoava-se em busca de mais detalhes, e disparou confiante:
-  Estou aqui para garantir o direito constitucional à ampla defesa ao meu cliente. Estou certo que no final, provaremos sua inocência.

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